Sob A Custódia Do Tempo: Formação De Leitores Em Penitenciárias Do Distrito Federal, De Tinoco, Robson Coelho. Editora Unb - Universidade De Brasília, Capa Mole Em Português

Este livro destaca a prática essencial da leitura e o contexto do detento que "lê" o espaço da prisão e suas relações com essa prática, além da questão jurídico-penal do criminoso e do crime cometido. Aborda a relação com um tempo - a partir do ócio em excesso, ou à disposição em exagero - bem diferente do tempo das pessoas que não estão encarceradas - geralmente vivido como "quase ausência", devido às atividades e obrigações diárias. Contextualiza-se a relação aflitiva entre tempo e prisão, ao longo desta obra, como um tipo de adversário cruel que deve ser superado. Como característica dessa relação, a referência temporal da pena se reveste de outra dificuldade imposta ao preso, que, para enfrentar esse adversário, busca engajamento em alguma ocupação que "mate" o tempo disponível - em média, nas prisões brasileiras, 85% dos presos ficam somente duas horas fora da cela, passando o restante do dia dentro dela, imerso nela, absorvido por ela. Essa realidade é desafiadora, mesmo institucionalmente, pois são escassas as atividades e projetos educacionais desenvolvidos em espaços apropriados, com foco na realidade carcerária. A falta de tais atividades e projetos, como a leitura, associada a condições muito precárias de encarceramento, compromete um dos objetivos da pena no Brasil, que é a ressocialização. Nesse contexto, resta ao preso aguardar seu tempo de pena ociosamente na cela ou no pátio, sujeito, por exemplo, à influência de facções. Este livro não apenas sugere que presos leiam, mas também apresenta elementos para uma leitura produtiva e até mesmo agradável.