O Gato Do Rabino Vol.1 O Bar-mitzvah Joann Sfar

O primeiro volume de O Gato do Rabino chegou ao Brasil sem muito alarde e, portanto, sem brigar pela conquista de um espaço que realmente merece: o de uma das melhores HQs a aportarem por aqui este ano. O álbum é daquele tipo que surge de tempos em tempos e faz o leitor lamber os beiços. É profundamente original no texto e na arte - e ainda por cima muito divertido. Entre judeus ortodoxos, o gato do rabino come um papagaio e começa a questionar tudo que está ao seu redor: do papel do dono ao porquê de certas sabedorias não estarem acessíveis aos felinos falantes. O animal carrega em si uma contradição: quer ser judeu, mas não pode - o que permite que, dentre todos os personagens, ele seja o único aparentemente capaz de quebrar regras. Só o gato pode questionar "o rabino do rabino", discordar do Talmud e andar de um lado ao outro sem dar satisfação a ninguém - nem sentir culpa. Para dar uma idéia de sua personalidade, dá pra se brincar dizendo que é uma junção de Garfield com Calvin. Apesar de não ser obrigatório, convém que o leitor esteja familiarizado com alguns preceitos básicos do judaísmo para curtir mais o álbum. Em alguns casos, mas não em todos, um glossário ajudaria - e acaba fazendo falta, o que é o único deslize da edição. A série é vencedora de diversos prêmios, entre eles o Goscinny e o prêmio do júri do Festival de Angoulême, e está indicada ao prêmio Eisner deste ano na categoria de melhor álbum gráfico inédito. Essa série de Quadrinhos foi adaptado para Desenho Animado em 2011