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Este não é um livro comum. Inaugurou um gênero desde sua primeira instanciação e continua inovando. Primeira novidade: dirige-se a qualquer leitor. É simples mas não simplifica. É preciso um mestre para ser claro assim, e é preciso um mestre para, sem concessões, fazer entrever camadas e mais camadas do que faz a singularidade de um povo indígena. Inova também porque não se confina aos limites habituais de uma descrição etnológica. Este é um livro político, que protesta e intervém na história. A saga catastrófica de um povo que resolveu, em 1976, deixar de ser “arredio” não é pano de fundo, é parte essencial da narrativa. Ao longo de quarenta anos, os Araweté fizeram longos percursos, literais e metafóricos. Na primeira desastrosa varação de iniciativa da Funai, pelo menos um terço do povo deixou suas ossadas no caminho. Os que sobreviveram foram se aproximando das margens do rio grande, o Xingu. Passaram de um abandono oficial a uma torrente de mercadorias, despejadas sem critério à guisa de compensação dos prejuízos causados pelo complexo hidrelétrico de Belo Monte: como se já não bastasse, sobrevém o etnocídio para coroar os estragos. Inova por dar algum acesso à visão de agentes da Funai e do primeiro contato e por acrescentar, pela contribuição dos antropólogos que formou, novos capítulos à história dos Araweté. Com isso, mostra que, por maior que seja o poder de fora, não se perde a agência dos índios: fica clara no livro a dialética de políticas oficiais para os índios e das políticas dos índios. E isso é fecundo. Quando mais não fora, comprova quão absurda é a tese de que, se os índios estão sendo espoliados e massacrados, descrevê-los com minuciosa etnografia é luxo supérfluo. E sobretudo desmente a afirmação de que o destino dos Araweté já está traçado por uma lei impessoal e inexorável. Inova pela dimensão estética: a que reside nas instituições e metafísica dos Araweté; a estética das lindíssimas imagens visuais e de seus modelos, em boa hora incorporadas ao livro pelo Sesc; e também a estética da prosa de Eduardo Viveiros de Castro. Este novo gênero de livro é exemplar. Manifesta a grande antropologia que se faz aqui no Brasil, aquela que pratica a observação participante da política indigenista e da política indígena e dá testemunho da importância da etnologia. Mas é também um livro que deveria estar em todas as mãos, que todos deveríamos ler, ver e apreciar para entender um pouco melhor o país em que vivemos. Manuela Carneiro da Cunha, antropóloga, é membro da Academia Brasileira de Ciências, professora emérita da Universidade de Chicago e professora titular aposentada da Universidade de São Paulo.
Formato: Papel
É formato bolso: Não
Acessórios incluídos:
Autor: Castro, Eduardo Viveiros de
Quantidade de livros por kit: 1
Coleção do livro:
Capa do livro: Mole
Material da capa do livro: Vinil
Edição do livro: 3
Gênero do livro: Antropología
Editora do livro: Edições Sesc São Paulo
Série:
Tamanho do livro: Grande
Subgêneros do livro: história do brasil
Subtítulo do livro: um povo tupi da Amazônia
Título do livro: Araweté
Versão do livro:
Volume do livro:
Marca: Sesc
Coautores: Caux Camila de,Heurich Guilherme Orlandini
ISBN: 9788594930033
Altura: 250 mm
Ilustradores: Nao há
É kit: Não
Escrito em letra maiúscula: Não
Condição do item: Novo
Idioma: Português
Idade máxima recomendada: 99 anos
Idade mínima recomendada: 17 anos
Tipo de narração: Manual
Altura da embalagem: 2 cm
Comprimento da embalagem: 19 cm
Peso da embalagem: 100 g
Largura da embalagem: 25 cm
Quantidade de páginas: 228
Ano de publicação: 2017
SKU: wmf54
Tradutores: Não há
Peso: 719 g
Largura: 190 mm
Com realidade aumentada: Não
Com páginas para colorir: Não
Com índice: Sim
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