A Produção Do Clube: Poder, Negócio E Comunidade No Futeb, De Simões Irlan. Editora Mórula Editorial, Capa Mole Em Português

Irlan Simões obstinadamente explora a hipótese de que a vantagem financeira das formas de empresariamento que sustentam o futebol contemporâneo como espetáculo se dissolve em curtos espaços de tempo, levando aos mesmos problemas enfrentados pelas tradicionais associações voluntárias clubísticas sem fins lucrativos. A questão persistente é: a queda dos modelos de gestão empresarial dos clubes não seria o cerne pulsante de um capitalismo insidiosamente temporário? O "fracasso" contínuo não está relacionado à própria dinâmica e "evolução" desse tipo de capitalismo excludente? O processo teleológico que Irlan sugere como sendo necessariamente conflituoso revela modelos que se consomem incessantemente. Cada tentativa mal sucedida se torna um aprendizado para a próxima, frustrando as expectativas e emoções por um futebol mais democrático. Quando até a FIFA reconhece que o futebol não pode ser gerido apenas pela precisão do tecnicismo jurídico e mercadológico, crítica das chamadas SAFs, é porque suspeita que seu "produto" seja mais do que um bem tangível. Mas se a perspectiva dos torcedores é um bem inalienável e intangível, os riscos que rondam esse futebol podem torná-lo um bem inacessível, especialmente para aqueles que se nutrem sorvendo paixões e utopias clubísticas mais solidárias. Luiz Henrique de Toledo.